Editorial

Que não fique na promessa

O leitor do Diário Popular deve ter se acostumado a uma rotina de pautas que envolvem a Colônia de Pescadores Z-3, em Pelotas. Por essa época, começa a se especular a possibilidade de uma safra de camarão. Lá por dezembro já vem uma confirmação se haverá ou não o crustáceo na lagoa. Em janeiro, as expectativas de tamanho da safra e, de fevereiro a maio, balanços sobre. Nos últimos muitos anos, foram raras temporadas satisfatórias. Depois, seguro defeso e, em algum momento desse período, problemas nos pagamentos.

Ontem, houve uma - até surpreendente - visita de uma autoridade, algo raro, com o Ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula aparecendo por lá. A ele foram entregues as demandas da comunidade, e são muitas. Quem acompanha, sabe que a região é uma das mais carentes da cidade em praticamente todas as áreas. Além das dores que envolvem a dura e delicada lida com a pesca, é um local pobre em infraestrutura de acesso e, de quebra, sofreu mais do que o restante da cidade com os efeitos das fortes chuvas de setembro. Não podemos esquecer, também, do Pontal da Barra, também zona de pescadores, com as mesmas demandas, e há 60 dias isolados após o desmanche da estrada, pelos mesmos fatores climáticos.

Da boca do ministro, vieram palavras que deixaram todos otimistas. Apesar de, prudentemente, não dar garantias de apoio, acenou positivamente às demandas estruturais e profissionais feitas pelos pescadores. Um alento para uma comunidade que muitas vezes parece esquecida pelo poder público, em todos os níveis. André de Paula ficou de levar a Brasília a demanda. Como alguém com poder de decisão, espera-se que o Ministro de Estado faça algo e pelo menos parte das solicitações sejam atendidas.

Caso contrário, não é difícil imaginar um esvaziamento cada vez mais acelerado da região e da atividade pesqueira em Pelotas. Dentro do roteiro citado acima, a matéria da página 10 de hoje já dá o indício de que nesse ano não tem camarão, devido à cheia da lagoa. Outras espécies de peixes também foram afetadas pelo excesso de água doce proveniente das chuvas e do escoamento de rios para cá. Com mais um ano de redes vazias, só com apoio vindo de longe para que não haja um êxodo acelerado na região. Se depender só das águas e da estrutura local, a permanência fica cada vez mais difícil.


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

A História da Princesa Triste

Próximo

Porque a mídia e o governo insistem em falar mal do agronegócio?

Deixe seu comentário